Separação entre igreja e estado: "Me deu vontade de vomitar"
Rick Santorum demonstrou sua ignorância e fanatismo ao falar que ao ler o discurso de J. F. Kennedy em 1960 sobre separação entre igreja e Estado deu-lhe vontade de vomitar.
"Dizer que as pessoas de fé não tem lugar em cargos públicos? Pode apostar que me dá vontade de vomitar. Que tipo de país nós vivemos onde apenas pessoas sem religião podem ir no congresso expor seus pontos de vista? Isso me faz vomitar, e deveria fazer o mesmo com cada cidadão norte-americano" - Rick Santorum. |
É claro que não foi nada disso que Kennedy disse, nem é isso o que significa a separação entre igreja e Estado. Primeiramente vamos ver o que JFK disse:
"Eu acredito em uma América que não é oficialmente nem católica, nem protestante, nem judaica - onde nenhum funcionário público pede ou aceita instruções sobre políticas públicas do papa, nem do Conselho Nacional das Igrejas, nem de nenhuma outra fonte religiosa - onde nenhum corpo de religiosos busca impor sua vontade direta ou indiretamente sobre a população em geral ou nos atos públicos dos seus representantes - e onde a liberdade religiosa é tão indivisível que um ato contra uma igreja é tratado como um ato contra todas elas" - J. F. Kennedy. |
É um discurso sem dúvida muito bonito e é difícil assimilar como é que Rick Santorum entendeu que "nenhuma religião pode impor sua vontade sobre o governo" significa "nenhum religioso pode ser funcionário público".
É muita ignorância, visto que o estado laico visa proteger as religiões - todas elas - de modo que não está sendo negado o direito das pessoas de fé de participarem do governo, está sim protegendo-as, fazendo com que nenhuma religião ou crença tenha privilégio sobre outra. O discurso de Kenedy explica bem que pessoas de todas as crenças devem ser bem vindas no governo - apenas não podem impor sua fé no resto da população. A falha de entender uma coisa tão simples como essa é comum nos religiosos, e Rick Santorum não é exceção.
Obama, um esnobe que quer que todos vão para a Universidade
Essa é fantástica:
"O presidente Obama disse certa vez que quer que todos nos EUA vão para a faculdade. Mas que esnobe (aplausos). Vocês são pessoas boas e descentes, que trabalham duro todos os dias, e não são ensinados por nenhum professor liberal de universidade, que vai tentar doutrinar vocês. (aplausos). Eu entendo por que ele quer que vocês vão à faculdade: ele quer recriar vocês à imagem dele. Eu quero criar empregos para vocês criarem os seus filhos à sua imagem, e não à dele (aplausos)." - Rick Santorum. |
Eu sei que o que os políticos mais querem é manter o povo na ignorância, mas nenhum até hoje tinha tido a coragem de dizer isso abertamente! Isso apenas reflete o medo que essas pessoas tem do conhecimento. E o fato de ser aplaudido por isso ainda por cima é o pior de tudo! (Está explicado por que ele não conseguiu entender um texto simples como o discurso de Kennedy. Ignorância para certas pessoas é uma bênção.)
"Eu não quero melhorar a vida dos negros dando dinheiro de outras pessoas"
Pois é, em mais uma gafe feia, Rick Santorum deixa escapar o seu racismo em uma declaração que repercutiu muito mal em todo o país:
"Eu não quero melhorar a vida dos negros dando dinheiro de outras pessoas. Eu quero dar a oportunidade de fazê-los merecer o dinheiro" - Rick Santorum. |
Essa frase provocou tanta polêmica porque ninguém perguntou a ele sobre negros. Perguntaram sobre as políticas de assistência social, sem mencionar a etnia de ninguém. Foi Rick Santorum que assumiu que se tratava de negros. O motivo é simples: na cabeça racista dele, só mesmo os negros que precisam de ajuda assistencial, e Rick praticamente insinua que estão pegando o dinheiro de outras pessoas, ou seja, "esses negros ficam ganhando dinheiro às custas do trabalho dos brancos"!
Rick desconhece, no entanto, que no seu estado de Iowa, 84% das pessoas que recebem "stamp food", uma espécie de vale alimentação do governo para conseguirem se alimentar, não são negros.
E o pior de tudo foi que ele, depois de feita a merda toda, ainda tenta consertar, o que como bem sabemos sempre estraga mais ainda. Segundo ele, ele afirma categoricamente que não disse "black people" (apesar de escutarmos claramente no vídeo abaixo), e sim que ia dizer uma palavra, mudou de idéia no meio, e acabou saindo "blaghlaha". Mas não era, em hipótese alguma, "black people". De jeito nenhum!
Oras, se falou merda, pelo menos tenha a hombridade de admitir! Diga que sim, se enganou, que não são apenas negros que fazem uso dos programas assistenciais. Porra, seria muito mais admirado se fosse honesto consigo mesmo e com os outros. Mas não, precisa ser sempre arrogante e orgulhos, e nunca admitir que errou. São os requisitos obrigatórios de um conservador!
Poderia por gentileza deixar de ser gay?
Falando sobre o assunto dos gays servindo no exército, no qual Rick é obviamente contra, deixou clara sua esperada homofobia quando entrevistado no canal da Fox.
Primeiro ele alega que atividades sexuais não tem lugar no exército, e não pode dar privilégios especiais aos gays, mas quando o repórter diz que sexo heterossexual existe há séculos entre os militares sem problema algum, ele deixou claro que se referia somente ao sexo homossexual (como é que os gays ganham privilégios especiais por ganhar os mesmos direitos que os heterossexuais já possuem há séculos é algo que se encontra além da minha capacidade de compreensão).
Em seguida, o repórter jogou uma armadilha na qual Rick Santorum caiu como um patinho: ao falar que os gays poderiam atrapalhar, tirar a concentração, diminuir a eficiência dos soldados, não se deve injetar políticas no exército, etc, foi mostrada a seguinte frase, e perguntado se Santorum concordava ou não com ela:
"O exército não é um laboratório social. Experimentar com políticas sociais no exército, especialmente em tempos de guerra, significa um perigo para a eficiência, disciplina e moral que podem resultar em uma derrota" - Coronel Eugene Householder |
Ao dizer que sim, em linhas gerais ele concordava com a frase, foi dito que ela pertencia ao coronel Eugene Householder, em 1941, contra a integração dos negros no exército. Ele usava exatamente os mesmos argumentos.
Rick então passou a dizer que são situações diferentes: um negro não pode deixar de ser negro, enquanto um homossexual pode (?) deixar de ser homossexual.
"A idéia de que isso é de alguma forma equivalente ser negro e ser gay, simplesmente não é verdade. Existem vários estudos que sugerem exatamente o contrário, que eram gays, e viviam o estilo de vida gay, e agora não são mais" - Rick Santorum. |
É isso aí, para Rick Santorum, ser gay ou ser hetero é como ligar ou desligar um botãozinho, onde a pessoa pode escolher o que quer ser. Então tá, hoje eu vou ser gay, amanhã eu vou ser hetero. ¬¬
Pois é, pacote completo. Não precisamos nem perguntar o que ele pensa a respeito de outros assuntos, tal como criacionismo, aborto, orações nas escolas públicas, etc. E eu pensando que não haveria nenhum candidato mais toupeira que a Sarah Palin!
Só essas frase fez o medidor de vergonha alheia quebrar aqui, mas se tiver alguma outra eu vou atualizar a postagem. Tenho certeza que ainda vai vir mais pérolas por aí!
Update: "Obama, aquele pret... ugh... o que eu dizia mesmo?"
Não falei? Rick Santorum deixou escapar um deslize quase freudiano ao falar o que pensa sobre Obama, ao chamá-lo de "nigger", o equivalente a "preto" aqui no Brasil. Ele não chegou a terminar a frase, percebendo o que ia dizer. Mas vê-se claramente que era isso que ele ia falar; não existem outras palavras que começam com "nig" que fariam sentido!
"Todos nós sabemos como era o candidato Barak Obama, o governo anti-guerra daquele pret... - ugh - uma fonte de divisões..." - Rick Santorum |
Talvez ele não tenha tido intensão de de chamá-lo de "nigger", mas é claro que é o que ele ia dizer. Provavelmente ele deve usar essa terminologia no seu dia-a-dia, nas rodinhas de amigos, como os racistas costumam fazer...
Apenas comentando que estou feliz com o retorno das postagens do seu blog, e em ótima qualidade. Continue postando!
ResponderExcluirObrigado!
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