Render-se à ignorância e chamá-la de Deus sempre foi prematuro, e continua prematuro até hoje. (Umberto Eco)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Igreja evangélica é obrigada a aceitar o enterro de viúva de outra religião

Mais uma da série "O Lindo Amor Cristão".

O problema começou porque a Comunidade Evangélica Dona Francisca, de Joinville, SC, não queria permitir o enterro de Sophia Henke ao lado do marido no cemitério da igreja, alegando que ela não fazia mais parte da congregação porque passou a frequentar as testemunhas de Jeová, mesmo a família pagando pelo jazigo desde 1971.

Pois é, não adianta você pagar 40 anos por uma coisa; se for de outra religião você não tem direitos. Pelo menos isso é o que pensam muitas igrejas. Felizmente a justiça não é bem assim. A 5ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça entendeu diferente, e obrigou a igreja a realizar o desejo da falecida viúva e da família e ser enterrada ao lado do marido. "Considerando que não há admissão, por parte da autora, de que Sophia deixara de ser membro da IECLB, a ré não se desincumbiu de comprovar o fato extintivo do direito da autora (art. 333, II, do CPC). Sua resistência, portanto, não se legitima - pois não pode recusar o sepultamento, de modo infundado, após 40 anos da compra e das contraprestações pela manutenção do jazigo", concluiu o desembargador substituto Odson Cardoso Filho.

Interessante, será que a igreja ao menos ofereceu o ressarcimento do dinheiro pago durante os 40 anos? Ou ao menos informou que ela perderia os direitos de ser enterrada no cemitério se parasse de frequentar a igreja? Até quando as igrejas vão continuar achando que podem fazer o que quiser com os sentimentos e com as vidas das pessoas sem dar nenhuma explicação fundamentada e sem nenhuma consideração com os desejos, anseios e sofrimento humanos? Até quando vão continuar pregando livremente a intolerância disfarçada de fé?

Informações com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina.