As pessoas que me dizem que eu vou para o inferno e que elas vão para o céu de certa forma me deixam feliz por não estarmos indo para o mesmo lugar. (Martin Terman)

sábado, 7 de abril de 2012

A disposição para matar seu próprio filho

Incrível como uma das cenas mais louvadas pelos cristãos, mais famosas, cantada em hinos, representada em desenhos animados, é na verdade uma das mais abomináveis histórias que alguém poderia inventar: a disposição de matar seu próprio filho.


Gênesis,22:1E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
Gênesis,22:2E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.

Podemos perguntar que tipo de pai estaria disposto a matar seu filho. Ou, que tipo de deus obrigaria alguém a cometer tal ato. Mas a questão aqui é diferente: é como os cristãos amam uma história horrível dessas.

Abraão e Isaque, por Peter Bentley.

Está certo que Abraão não assassinou seu filho, mas somente porque deus o impediu; ele passou no teste de fé ao qual foi submetido, por um deus que supostamente já sabia qual seria o resultado (acho que deus estava apenas sem ter o que fazer, e quis sacanear com Abraão).

O que os cristãos diriam de alguém que estivesse disposto a matar seu filho hoje em dia? Será que eles achariam bonito também? Será que eles seriam capazes de fazer o mesmo, se escutassem vozes de deus na cabeça? Ou, no mínimo, gostariam de ter essa fé?

Com esse ato de fé, Abraão foi recompensado com a promessa de que seria o povo escolhido de deus. Deus adorou a disposição dele em matar o seu filho!  Afinal de contas, deus também tinha planos para matar seu próprio filho, Jesus, mais para frente. Deve ter pensado: esse cara é dos meus!

Gênesis,22:16E disse: Por mim mesmo jurei, diz o SENHOR: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho,
Gênesis,22:17Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;

Abraham en Isaac, de  Rembrandt, 1634.
No entanto, não é dessa forma que devemos pensar. Não devemos achar essa história bonita. Quando solicitado a matar seu próprio filho, Abraão deveria ter dito um enfático NÃO! Não é assim que o ser humano deve agir, não é uma atitude louvável. Matar pessoas, quanto mais seu próprio filho, para agradar a deuses, não deve ser um motivo de orgulho, deve ser de vergonha. É uma vergonha para a humanidade que essa lenda ainda seja passada de geração a geração, de pais para filhos, e de clérigos para fiéis, ano após ano, como se fosse uma linda história com uma linda moral. Não é! A história é horrível e a moral pior ainda: obedeça cegamente a deus ainda que ele mande cometer crimes bárbaros que você será recompensado. Que porra de moral é essa?

Não consigo encontrar beleza alguma nessa história. Certamente ela pode ter feito sentido há muito tempo atrás, quando a humanidade não era esclarecida o suficiente para entender como era o mundo ao seu redor, e como funciona a verdadeira moralidade. A moralidade na qual todos os seres humanos são tratados com respeito e igualdade, e não baseada em crenças absurdas de povos antigos, resumida simplesmente a "deus disse, então tá". Somos melhores que isso.

Mais uma vez, cristãos: Ter disposição para matar seu próprio filho não é virtude, é insanidade! E compactuar com isso é compactuar com a loucura.